sábado, 24 de dezembro de 2011

Propagandas que agridem minha inteligência

Muito se propaga por aí que a propaganda brasileira é uma das mais originais do mundo, inclusive ganhando prêmios e reconhecimento internacional.

Mas tem certas horas que dá vontade de dar uma surra de pau mole em certos publicitários (ou devo dizer publiciOTÁRIOS?).
Veja, por exemplo, esta propaganda da cerveja Itaipava:


E aí, percebeu? Não? Então confira comigo no replay:


Nada? Pois bem, vamos analisá-la por partes:
O cara está no bar, com uma loira e uma morena MUITO GOSTOSAS bebendo com ele. Ele pede uma breja, mais outra, se mostra descolado chamando o garçom de "amigo" e coisa e tal... Repare que as minas estão sorridentes, conversando, o cara bem vestido e tal... E depois ele vai embora. SOZINHO.

O cara estava no bar com duas gostosas, e vai embora SOZINHO. Como pode? Algumas suposições levantadas:
1- Ele ficou bêbado, começou a falar merda, vomitou nos peitos da loira e queimou o filme bonito.
2- Ele xavecou as minas, pagou uns birinaite, mas quando falou que estava sem carro elas pularam fora rapidinho. (ALTAMENTE PROVÁVEL)
3- Ele é o melhor amigo gay das duas, e eles estavam só botando a fofoca em dia, né mona? ALOK!

O que pode ser concluído disso? PORRA NENHUMA!

Resumo: não beba Itaipava que senão você não come ninguém.

Que seja eterno enquanto duro

Recentemente, uma notícia chamou minha atenção pelas possibilidades oferecidas: o casamento com data de validade. Pois é, no México estuda-se a possibilidade de oferecer casamentos de 2 anos, que podem ser renováveis ao final do período. Olha que legal! Você já casa pensando que, se não der certo, já vai estar livre da burocracia do fim do casamento! É só fazer a trouxa de roupas do(a) imprestável que casou com você e chutá-lo(a) para fora! Que simples!

Não estou defendendo valores religiosos aqui, até porque religião não é algo que me apeteça, mas essa instituição não tinha como objetivo criar famílias? Como se cria uma família em 2 anos?

Se os dois forem feios, por que não disfarçar, digo, inovar?

A falência da instituição do casamento é uma realidade. Casamentos que duram para a vida toda são os dos nossos avós, nossos pais, e um ou outro casal de amigos nossos. Não é difícil ver pessoas que você conhece que estão no segundo, terceiro casamento.

Uma deputada mexicana falou que o projeto vai proporcionar "relações mais saudáveis e harmoniosas entre casais, ajudaria a restabelecer o tecido social e a estabilidade das famílias". Ah-ham, Lizbeth, senta lá. Que comprometimento alguém vai ter com algo que ele sabe que pode terminar a qualquer momento? Desse jeito está mais fácil casar que arrumar um emprego...

Mas não vamos colocar a culpa de tudo no governo. Tal lei nada mais é que o reflexo dos valores de que dispomos hoje. O "até que a morte os separe" foi substituído pelo "que seja eterno enquanto dure" (extra-oficialmente, fique bem claro), e ninguém se deu conta disso. O casamento, aquela festa bonita em que a noiva entra com um vestido bonito, o noivo usando um fraque cheio de fru-fru a recebe no altar, os dois choram e o filhadaputa do sonoplasta da igreja põe uma música com acordes tristes para fazer todo mundo chorar também, aí na festa eles dançam a valsa, os convidados vêem o vídeozinho com momentos deles desde criancinha, e no final todo mundo enche os bolsos e até a cueca de bem-casados, tudo isso virou somente algo para se mostrar, para se comentar sobre "como o casamento de fulano e ciclana foi bonito, a comida tava boa, e o vestido dela, você viu?" e por aí vai. O casamento (cerimônia) como produto. Igual seu celular novo, sua roupa de marca; somente para exibir para os outros. O dia-a-dia entre duas pessoas despreparadas para a vida conjugal vai resultar em casamentos de 2 anos.


Ah, um conto de fadas na vida real...

Bem, tem um lado bom. Se tiverem filhos, eles não vão ficar no fogo cruzado entre os cônjuges. Aliás, esse negócio de casamento com data de validade é interessante pois, se começar a azedar antes do prazo de validade, você pode buscar alternativas de entretenimento por aí, afinal você sabe que está moribundo mesmo... Aliás, diferente de um cônjuge moribundo, que você não sabe quando vai morrer; esse relacionamento já tem data de nascimento e óbito na mesma certidão. 

No Brasil o divórcio também está mais fácil para quem está de saco cheio da vida conjugal. Achei sensacional o título da matéria do link, é tão efusivo que parece até slogan de sabão em pó! Como se o divórcio fosse algo muito bom...

No lugar da Bíblia, o padre deveria mostrar um dicionário aos que estão se casando, para que eles saibam (ou se lembrem) que aliança não é somente um tipo de anel...



domingo, 18 de dezembro de 2011

"Tchau, meu amor"

Hoje eu fui correr minha última corrida oficial do ano, o Circuito Adidas etapa Verão, em São Paulo. Eu adoro essa corrida por alguns motivos: é bem organizada, o percurso é plano em sua maior parte, e tem somente a distância de 10 km, então não há o problema de desviar do pessoal que corre os 5 km no final da prova, quando você quer dar aquele sprint final.



Mas eu, sinceramente, não sei por que a corrida de hoje foi diferente. Talvez seja a época do ano, talvez eu esteja com a mente mais aberta para outras coisas, com uma maior sensibilidade... Eu não estou na minha melhor forma física, e corri "pra terminar" a prova, sem me preocupar com tempo (que eu sabia que não seria meu melhor), e talvez isso tenha me feito prestar atenção em coisas que nunca havia percebido antes. Por exemplo, eu gosto de correr sem ouvir música, de ouvir minhas passadas, minha própria respiração. E quando você corre com outros milhares de pessoas, você presta atenção na maneira que os outros respiram, e como são diferentes... Parece uma bobagem, mas faz toda a diferença para cada um, e sua performance. Também havia esse grupo de pessoas, 8 da manhã e tomando umas cervejas em cima do Minhocão... Virados da balada, provavelmente, e brincando e zuando muito com os corredores. E eu pensei em como são loucas as escolhas que nós fazemos, sem julgar ninguém, sem dizer que um está mais certo que o outro. Afinal, todos ali estavam felizes, fazendo algo que lhes dá prazer, não? Virar o sábado, amanhecer tomando uma com os amigos, ou acordar 5 da manhã para correr 10 km, mesmo com a dor no pé que eu estava devido ao tênis que utilizei ontem o dia todo... Eu prestei atenção na sinfonia das garrafas de plástico caindo no asfalto, depois do posto de hidratação, mas só depois do km 8, no fim da prova. Nunca havia prestado atenção nesses sons. E pra mim, naquele momento, pareceu tão bonito e cheio de significado, um som único que não se houve em qualquer lugar, nem todo dia. Uma música coletiva, feita por pessoas que nunca mais estarão juntas no mesmo local, que nunca mais será repetida de maneira idêntica; pessoas com pressa de chegar, de comentar o tempo que fez, de falar como o sol estava judiando hoje (mas como o dia estava bonito, tenho que assumir).


Mas, muito provavelmente, foi o rascunho que fiz deste texto logo após a largada que tornou esta corrida diferente. Não foi intencional, não havia planejado escrever sobre esta prova (até por que ela era "só mais uma prova"). Foi pela frase que eu ouvi, dele para ela: "Tchau, meu amor". Eu não os vi, estavam atrás de mim. Era uma voz jovem, ele provavelmente iria disparar, buscar seu melhor tempo. Ela ficaria para trás, fazendo a prova da maneira que a fizesse sentir bem. Três palavras, que para eles talvez tenham sido algo corriqueiro, mas tão cheias de significado. Poderia ter sido um "boa prova", "bora correr", ou mesmo um "até daqui a pouco", "te vejo na chegada", mas me fez ficar pensando no que escrever quando chegasse em casa. Lógico, o texto acabou saindo um pouco mais longo que meu rascunho mental no momento da corrida.

Deve ser bom dizer "tchau" só para poder dizer "oi" de novo.



sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Shane, true bad boy

[Este post contém SPOILERS]

Bad boys são controversos, polêmicos, queridos e odiados por todos. É o jogador de futebol que cospe na cara do adversário, é o ator que não comparece às gravações, a estrela do rock que quebra quarto de hotel... Mas a vida imita a arte, e na TV e cinema os bad boys estão sempre por perto, embora muitas vezes sejam descaracterizados para agradar uma certa fatia de público...

Me lembro do Sawyer, de LOST, o típico bad boy: egoísta, arrogante, pronto pra briga a qualquer momento. Mas também bonitão, e que acabou abrindo mão de suas características básicas em prol do grupo de sobreviventes, além de ter seu coração derretido por uma loira que o fisgou.

Fala sério, ISSO é um bad boy?

Hmmmm... Bad boy? Sei...


Esse é o estereótipo do bad boy para MENININHAS, mocinhas que sentem tesão pelo bandido mas querem ser tratadas com champanhe e bombons de licor. Essa descaracterização em prol do atendimento às demandas do público feminino é tão ridícula, tão empobrecedora de uma boa história, personagem...

E o mesmo está acontecendo com o Daryl, de The Walking Dead. Depois de ficar putaço com os que largaram seu irmão para morrer, ele permaneceu com o grupo e, quando aquela estúpida da Sofia sumiu, ele assumiu a missão como se fosse Galahad, o puro, em busca do Santo Graal. Deu florzinha pra mãe da Sofia, nhé nhé nhé e coisa e tal (não comeu a tia, ainda bem), e pra quê? Pra virar outro bad boy Daslu? Achei ótimo o delírio que ele teve, com o irmão dele dando um tremendo esporro por sua bichice. Aliás, Merle é um senhor bad boy: feio, meio gordinho, bruto, racista, sem papas na língua. Aguardo ansiosamente por seu retorno.

"Escuta aqui, seu filho da puta: vira homem e para de bichice!"
 
E, enfim, o bad boy que está causando nessa segunda temporada: Shane. "Pô, peraí, o cara é puliça, mano!". E daí? Acho que é muito mais plausível um good guy se tornar um bad guy do que o oposto. Por isso Sawyer e Daryl são arquétipos fracassados. Por isso o Magneto não durou comandando uma equipe de super-heróis mutantes. Por isso Anakin Skywalker mudou para o lado negro da força e não voltou mais. É igual ver o Lex Luthor comandando a Liga da Justiça, ou o PT no governo. Vai dar merda, com certeza.

Em teoria da literatura (sim, fiz Letras, sou intelectualzinho) aprendemos sobre personagens redondas e planas. A personagem plana, como o próprio nome sugere, é bem óbvia, e não sofre muitas alterações durante a história. Colocaria o Rick Grimes aqui, por seu caráter previsível, conciliador, de pai e marido cauteloso. Já a personagem redonda é aquela que muda drasticamente com o decorrer da história; ela tem camadas de características diferentes, ela é extremamente complexa e difícil de definir em poucas palavras. Mas eu posso arriscar definí-la em três: Shane, bad boy.

Clic - clac - boom!


Sim, Shane, que vivia uma vidinha calma comendo a viúva de seu amigo (que estava vivo), e se preparava para adotar o filho deste; que surtou ao perdê-la, com o retorno do amigo supostamente falecido; que quase estuprou a mulher do amigo no fim da primeira temporada, depois de tomar umas e outras; que não hesitou em matar outro homem, que estava com boas intenções e disposto a ajudar, para garantir sua sobrevivência; que queria deixar a busca por Sofia para trás, para continuar com o objetivo de chegar a Fort Benning; que estava disposto a largar o grupo e seguir seu próprio caminho sozinho; que não hesitou em passar por cima da autoridade do Rick e de Hershel e fuzilar os zumbis mantidos dentro do celeiro. O Shane é foda, e olha que eu nem falei que ele é o cara que está ganhando no pussy score.

Dig-din, dig-din, dig-din.


Não venham me falar que ele quis matar os zumbis para proteger o grupo; ele estava pensando em si mesmo. Um atitude dessa só o colocaria em conflito com Rick, o líder do grupo, o cara que está comendo a mina que ele estava comendo... O racha no grupo é iminente, e Shane quer sair por cima. E agora que até a Andrea está pensando em fugir com ele, fico pensando se ele não seria capaz de dar um tiro no joelho dela também, para poder escapar de alguns zumbis... É uma cena que eu gostaria de ver.

Considerações finais sobre The Walking Dead: é interessante como certos personagens evoluíram. Tem muita gente reclamando desta segunda temporada, que ela é lenta e coisa e tal, mas eu simplesmente adorei, por um simples motivo: as pessoas. O ritmo mais lento da série, sem tantas ameaças proporcionou algo que até então não pode ter sido explorado, que é o relacionamento entre personagens tão díspares. Com uma temporada mais longa pudemos conhecê-los melhor, e vimos alguns personagens crescerem drasticamente. Como destaque, além do Shane tem o Dale, com uma ótima percepção do que ocorre ao seu redor, e uma sutileza que somente alguém mais velho poderia ter. Ele realmente me surpreendeu nesta temporada, e o fato dele ter querido aloprar o Shane sumindo com as armas só demonstra que ele não é o cara da ação, mas pode ser muito útil na hora de lidar com conflitos. E Glen, que está totalmente fora do seu habitat. Ele é o cara da agilidade, pensamento rápido em situações de stress. Pode mostrar isso quando virou isca de zumbi no poço, e quando salvou a Maggie na farmácia, mas é pouco. Apesar disso, a insegurança dele quando fora do seu ambiente (no qual ele é simplesmente o melhor) é outra demonstração de como os personagens estão sendo bem delineados, inclusive em seus defeitos e incertezas. E ele comeu a Maggie, prêmio justo para um nerd ex-entregador de pizza. #ORGULHONERD

Ah, para concluir: fui só eu que achei um absurdo a Sofia aparecer como zumbi? Explico: uma menininha daquela, magrela, quando encontrada por um zumbi faminto ia levar só uma mordidinha no pescoço? O zumbi era vegetariano? Tava de dieta? Fala sério, aquela menina era um lanchinho (ênfase no sufixo "-inho") pra qualquer zumbi adulto, ele iria chupar até o tutano dos ossos. Você não comeria? Eu comeria ela todinha (gastronomicamente falando, fique bem claro).

"Delícia, delícia, assim você me mata..."