sábado, 24 de dezembro de 2011

Que seja eterno enquanto duro

Recentemente, uma notícia chamou minha atenção pelas possibilidades oferecidas: o casamento com data de validade. Pois é, no México estuda-se a possibilidade de oferecer casamentos de 2 anos, que podem ser renováveis ao final do período. Olha que legal! Você já casa pensando que, se não der certo, já vai estar livre da burocracia do fim do casamento! É só fazer a trouxa de roupas do(a) imprestável que casou com você e chutá-lo(a) para fora! Que simples!

Não estou defendendo valores religiosos aqui, até porque religião não é algo que me apeteça, mas essa instituição não tinha como objetivo criar famílias? Como se cria uma família em 2 anos?

Se os dois forem feios, por que não disfarçar, digo, inovar?

A falência da instituição do casamento é uma realidade. Casamentos que duram para a vida toda são os dos nossos avós, nossos pais, e um ou outro casal de amigos nossos. Não é difícil ver pessoas que você conhece que estão no segundo, terceiro casamento.

Uma deputada mexicana falou que o projeto vai proporcionar "relações mais saudáveis e harmoniosas entre casais, ajudaria a restabelecer o tecido social e a estabilidade das famílias". Ah-ham, Lizbeth, senta lá. Que comprometimento alguém vai ter com algo que ele sabe que pode terminar a qualquer momento? Desse jeito está mais fácil casar que arrumar um emprego...

Mas não vamos colocar a culpa de tudo no governo. Tal lei nada mais é que o reflexo dos valores de que dispomos hoje. O "até que a morte os separe" foi substituído pelo "que seja eterno enquanto dure" (extra-oficialmente, fique bem claro), e ninguém se deu conta disso. O casamento, aquela festa bonita em que a noiva entra com um vestido bonito, o noivo usando um fraque cheio de fru-fru a recebe no altar, os dois choram e o filhadaputa do sonoplasta da igreja põe uma música com acordes tristes para fazer todo mundo chorar também, aí na festa eles dançam a valsa, os convidados vêem o vídeozinho com momentos deles desde criancinha, e no final todo mundo enche os bolsos e até a cueca de bem-casados, tudo isso virou somente algo para se mostrar, para se comentar sobre "como o casamento de fulano e ciclana foi bonito, a comida tava boa, e o vestido dela, você viu?" e por aí vai. O casamento (cerimônia) como produto. Igual seu celular novo, sua roupa de marca; somente para exibir para os outros. O dia-a-dia entre duas pessoas despreparadas para a vida conjugal vai resultar em casamentos de 2 anos.


Ah, um conto de fadas na vida real...

Bem, tem um lado bom. Se tiverem filhos, eles não vão ficar no fogo cruzado entre os cônjuges. Aliás, esse negócio de casamento com data de validade é interessante pois, se começar a azedar antes do prazo de validade, você pode buscar alternativas de entretenimento por aí, afinal você sabe que está moribundo mesmo... Aliás, diferente de um cônjuge moribundo, que você não sabe quando vai morrer; esse relacionamento já tem data de nascimento e óbito na mesma certidão. 

No Brasil o divórcio também está mais fácil para quem está de saco cheio da vida conjugal. Achei sensacional o título da matéria do link, é tão efusivo que parece até slogan de sabão em pó! Como se o divórcio fosse algo muito bom...

No lugar da Bíblia, o padre deveria mostrar um dicionário aos que estão se casando, para que eles saibam (ou se lembrem) que aliança não é somente um tipo de anel...



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