terça-feira, 18 de setembro de 2012

Serviço de atendimento ao imbecil

Será que é só comigo que acontece? Toda vez que eu ligo para um serviço de atendimento, eu sou sempre tratado como um idiota... Ou será que eu tenho voz de idiota? Será que meu CPF, quando abrem meu cadastro, tem uma observação lá, "este cara é um imbecil"? Ou será que eu estou falando com alguém assim:

(Espero que você seja capaz de entender que esta foto não é racista)

Pois é, sinto como se eu estivesse falando com um macaco treinado. Alguém que está condicionado a tratar todos os clientes como a criatura mais desprezível do mundo, a mais inepta, a mais incapaz de entender que ela está errada, sempre, e não o serviço para o qual você está ligando.

Eu tenho vários casos para contar, mas o mais recente aconteceu ontem. Ao ligar para a EsferaBR Mídia, editora que publica a revista O2, especializada em corridas de rua, travei o seguinte diálogo com o atendente:

Ele: - Bom dia, com quem falo? 
- Sérgio.
- Em que posso ajudá-lo, Sr. Sérgio?
- Sou assinante da revista O2, e não recebi meu exemplar de agosto (obs.: o de setembro, primeiro da minha nova assinatura de um ano, tinha chegado naquele mesmo dia).
- Seu CPF, por favor, senhor.
(Passei o número, aguardei uns momentos).
- Senhor, aqui consta que o primeiro exemplar a ser entregue da sua assinatura é o de setembro.

Aí acontece a transformação. Ela sempre acontece quando eu falo com esse tipo de ser, que me trata dessa maneira. Geralmente com atendentes de call center. É mais ou menos igual ao Goku virando super Sayiajin, e pode ser melhor visualizada assim:
 

- ESCUTA AQUI, AMIGO. EU SOU ASSINANTE DESSA PORCARIA DE REVISTA HÁ DOIS ANOS, E ESTOU DIZENDO QUE NÃO RECEBI O EXEMPLAR DE AGOSTO.

PORRA! Será que esse energúmeno não consegue ver em algum lugar da telinha que ele está consultando que eu JÁ sou assinante dessa MERDA de revista (tá, a revista é boa, mas é preciso dramaticidade)?? Ou será que o imbecil é um macaco adestrado preparado a tratar todos os assinantes como o imbecil que ele é? Ou será que no meu cadastro tem um badge dourado, escrito em letras garrafais, "imbecil senior" (devo ser, já tenho 2 anos de assinatura...)?


Sério, não quero parecer que estou tendo um ataque de pelanca (estou?). Mas que BOSTA de serviço é esse que esta empresa se presta a servir? Fui obrigado a ligar pois a decência de responder ao e-mail que mandei, comunicando a não entrega da minha revista, não existiu. Sinceramente, dá vontade de cancelar a assinatura da revista de uma empresa que trata seus assinantes com tamanho descaso. E não é só um caso isolado: é ligando para a operadora de celular, para a empresa de cartão de crédito, sem contar inúmeros outros assinantes que postaram na página do facebook da empresa, com o mesmo problema que eu tive... Já passei SEIS MESES tentando ser ressarcido de uma compra feita na fnac.com.br... Caramba, o cliente é inimigo público número 1 da empresa. E não é pra esculhambar o Brasil, não, mas lá fora é diferente. Quem já comprou na Amazon, por exemplo, sabe como o cliente é tratado.

Vou esperar pela entrega da minha revista, pois, apesar disso, a revista tem qualidade e eu gosto de lê-la. Só espero não ter um ataque de pelanca retroativo ao receber a revista e despedaçá-la. Esse negócio de guardar rancor ainda vai me dar um ataque cardíaco, que nem a corrida vai ser capaz de prevenir.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Propagandas que agridem minha inteligência [3]

O legal dessa propaganda começa aos 10 segundos:


Vamos fazer um pequeno exercício de imaginação aqui: imaginemos que a protagonista da propaganda seja uma mulher, ligando para seus três namorados em diferentes estados. Qual seria a recepção dessa propaganda perante todos os grupos de consumidores diferentes (especialmente as mulheres)? Na nossa sociedade o fato de "homem ser tudo igual" (palavras femininas; é o mesmo que safado, cafajeste, cachorro, pilantra, sem-vergonha, sem-caráter, desgraçado, maldito e similares) já está tão arraigado que ninguém nem liga. Agora coloca uma mulher pirigueteando para você ver se as mulheres não são as primeiras a falar: "que galinha", "que propaganda ofensiva", "aposto que foi um homem que teve essa ideia, home é tudo igual mesmo". HA!

Porra, acho que são essas atitudezinhas das mulheres que agridem minha inteligência, isso sim.

Propagandas que agridem minha inteligência [2]

É o cúmulo do chute nos bagos da imbecilidade:


Maluco, que merda é essa? Os caras invadem o hotel, sei lá, quebrando o vidro (se não houvesse a musiquinha tema do "espião-fodão" todo mundo no hotel ia ouvir), o cara tropeça no criado-mudo com o abajur, e o nosso herói ainda consegue jogar uma mesa no outro. O que eles fazem?

Atiram! Vão correndo atrás do cara no corredor, e não acham. Quando, de repente, olham pra cima, e vêem o picagrossa escalando a parede. E aí eles atiram! escalam também, afinal espião que é espião mete os pezão na parede. Um dos losers ainda consegue ser derrubado por um lustre, affe.

Então aparece um maluco da Yakuza, sei lá, e entra na frente do espião fodão. E aí ele faz o óbvio: atira! começa a demonstrar todo o talento dele em artes marciais. Então o espião fodão dá uma deslizadinha pela parede, dribla todo mundo mais rápido que o Messi enquanto o Yakuza e os outros dois crivam ele de balas! só assistem. Para quem entrou pela janela eles ficaram preocupados com o barulho rapidinho, não?

O espião ainda dá um guento no paletó do ascensorista, e sai andando na boa (porque os bandidos ficaram pendurados na parede, esperando o elevador voltar, para poderem ir atrás do espião).

Fantástico.

domingo, 22 de janeiro de 2012

Ficando menos inculto nas férias. Tópico do dia: Nazismo

Pois é, estava eu nas minhas férias sem fazer nada e decidi assistir todos aqueles DVDs sobre Nazismo que eu havia comprado há um tempão atrás... Foi quando quis comprar uns livros da Coleção Clássicos Abril que eu tinha perdido em banca, e na loja virtual havia esses DVDs baratinhos, creio que 5 reais cada um. Pois eu assisti um sobre a vida de Hitler intitulado "Mein Kampf" ("Minha Luta", livro escrito por Hitler na prisão), um outro da BBC sobre os julgamentos dos líderes Nazistas em Nuremberg, além de dois da Superinteressante sobre a ciência dos Nazistas. Ah, e também um recomendado pela profª Sueli no 5º semestre da Faculdade, na disciplina de Linguística, chamado "Arquitetura da Destruição" (disponível AQUI no youtube, em 12 partes), narrado pelo ator ator suíço Bruno Ganz (mais sobre ele abaixo) e lançado em 1989.

O Nazismo é um assunto tabu, mas eu acho extremamente interessante, fascinante até. Que fique bem claro que não sou nenhum entusiasta do Nazismo, não faço parte de nenhum grupo radical com ideologias rascistas, anti-semitas, eugênicas ou o diabo que o parta. E, assistindo estes documentários, eu percebi que não sei (ou sabia) absolutamente NADA sobre Hitler, o Nazismo, e seus protagonistas.

Por exemplo, no documentário "Minha Luta" fui apresentado a um artista que se recusou a seguir a carreira militar, como era o desejo de seu pai, para seguir a carreira de artista. Depois de ser recusado duas vezes na Academia de Artes de Viena, ele passou a viver num abrigo com outros desempregados e sem-teto. Ele lia uma revista de artes e, ao contatar o editor para tentar adquirir números antigos, ele também tomou contato com sua ideologia: a de que um país deveria fortalecer seu povo para mostrar suas qualidades.

Ah, esqueci de mencionar: ele nutria um desprezo absoluto pelos outros sem-teto que dividiam o abrigo sem ele. E a ideologia deste editor era baseada na eugenia, mais especificamente na eugenia nazista, que consistia em eliminar aqueles que eram considerados inferiores para que os superiores prevalececem. Já sabem de quem estou falando, certo?


O filme mostra como Hitler descobriu seu poder de orador e como sua capacidade de influenciar as pessoas o fez subir no partido. Acabou preso ao tentar tomar o poder do governo da Baviera, em 1923, e foi condenado a 5 anos de prisão por traição. Cumpriu apenas um ano, sendo muito bem tratado na prisão (o que ele próprio considerava inadmissível com um traidor). Escreveu seu livro, "Mein Kampf", na prisão, onde relatava suas estratégias para construir o estado forte alemão que sonhava. Foi motivo de chacota, seu livro vendeu pouquíssimo. Em poucos anos, quando ele se tornasse o Fuehrer, seu livro seria o mais comum presente em formaturas, batizados, até mesmo em casamentos. E as ideias que foram ironizadas seriam postas em prática.

Hitler descobriu, depois disso, que a melhor maneira de tomar o poder seria infiltrando-se nele. Pois foi o que fez. Sua desenvoltura como orador o fez conquistar as multidões, e ele colocou o Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores (sim, ele era do PT de lá) no governo. Em 1933, com a morte do presidente, ele consegue unir seu cargo de chanceler ao de líder do país, e sua ditadura começa.

Mas o Nazismo não era somente Hitler: ele tinha seu ministro da Propaganda, Joseph Goebbels, bem conhecido de quem assistiu o "Bastardos Inglórios" de Tarantino. No "Arquitetura da Destruição" a influência de Goebbels no governo de Hitler é destrinchada totalmente: a ideia de que a arte clássica deveria ser o modelo de arte, e não a arte moderna (comparada, com seus traços angulosos, a pessoas com deficiências físicas e mentais) era algo defendido veementemente por Hitler. Além, obviamente, dos filmes defendendo as ideias nazistas.

Outros líderes são apresentados nos documentários: Albert Speer, arquiteto que foi Ministro do Armamento de Hitler, que demonstrou arrependimento durante seu julgamento em Nuremberg e com isso escapou da pena de morte; Rudolf Hess, que chegou a voar para a Escócia em 41 para negociar a paz, foi julgado em Nuremberg fingindo estar louco, e também escapou da pena de morte (embora tenha pego prisão perpétua); Göring, o gordo, tido como um líder fraco pelo seu vício em morfina, que foi condenado à morte mas se suicidou na noite anterior à sua execução com uma cápsula de suicídio, cheia de cianureto (o suficiente para matar uns 20 homens).

Os documentários sobre a ciência nazista também são espetaculares: a Alemanha era líder em pesquisa científica (Albert Einstein era alemão, mas judeu, por isso execrado pelos nazistas), portanto seus cientistas eram temidos. O gênio da mecânica quântica Werner Heisenberg, encarregado de desenvolver a bomba atômica alemã, afirmou que uma quantidade absurda de urânio seria necessária para construir a bomba, sendo necessário anos para juntar tal quantidade. Acontece que seus cálculos estavam errados, e isso foi provado por alguns de seus pupilos, que naquele momento estavam exilados na Inglaterra, e descobriram que a quantidade necessária para a bomba era ínfima, e que a bomba poderia ser construída em pouco tempo. Sim, estavam exilados por serem judeus, e acabaram servindo bem aos inimigos de Hitler. Outro ponto interessante foram as pesquisas conduzidas com cobaias humanas pelos cientistas nazistas, e cujos resultados foram utilizados pelos EUA (que repatriaram muitos destes cientistas depois da guerra), e os resultados de tais pesquisas influenciaram, por exemplo, a corrida espacial conduzida pela NASA.

Depois dessa overdose de informação, fui assistir um filme sobre o qual tinha uma tremenda curiosidade: "A Queda" (The Downfall / Der Untergang - 2004), filme alemão que conta os últimos dez dias da 2ª Guerra, acompanhando os momentos finais de Hitler, que é interpretado magistralmente por Bruno Ganz (aquele, que narrou o documentário "Arquitetura da Destruição"). 


 O filme se torna muito mais interessante após tomar conhecimento com a história nazista através dos documentários, mas ele, por si só, já é uma aula: logo no começo há uma conversa de Hitler com Goebbels em frente a uma maquete, com estruturas clássicas baseadas na arquitetura grega, demonstrando ideias vistas no "Arquitetura"; Hitler e seu mal de Parkinson, com sua mão esquerda sempre para trás, tremendo; Goebbels e sua perna manca; as crianças com uniformes de soldados, lutando como última linha de defesa de uma Berlim prestes a cair (uma cena de Hitler conversando com essas crianças aparece no documentário "Minha Luta"). Enquanto Hitler massacrava alemães judeus nos campos de extermínio, seus soldados eram massacrados pelos russos em superioridade numérica. Sua estratégia de purificação da raça ariana acabou voltando-se contra seus planos.

Bruno Ganz e Adolf Hitler

Cada frase de hitler é épica. E ainda assim, um prelúdio da derrota que se aproxima. Obviamente, sendo uma obra de ficção, muito (senão quase tudo) foi inventado. E a maneira com que ele lida com seus generais, cada surra verbal, violentíssima, demonstra não apenas seu descontrole nos momentos finais mas, acima de tudo, devoção. Pois aqueles homens o seguiam mesmo discordando de suas decisões, mesmo diante da derrota iminente. A câmera tremendo no bunker, com luzes falhando, dá uma atmosfera de realidade, de documentário. Os diálogos, mesmo que inventados, trazem o temor na voz de todos. Inclusive do Führer.

O filme é alemão, FALADO em alemão. A sensação de legitimidade é ainda mais acentuada por esse fator. Aliás, ver Hitler detonando os generais em alemão é fantástico!

O filme é recheado de cenas fortíssimas. E não estou falando de explosões, mortes, amputações e afins. Falo, por exemplo, de um Hitler que chora ao ver seu império desabando, ao descobrir que seus homens mais leais nunca foram tão leais assim, e o são muito menos no momento da derrocada.

Os olhares mais expressivos são da Frau Junge, secretária de Hitler, em torno da qual a história do filme se amarra. Muitas vezes são olhares de reprovação, outras tantas de vergonha, e no final de simples compaixão. A presença de uma personagem civil, não diretamente responsável pelas decisões na guerra, demonstram o lado humano, mortal, do líder nazista.

Goebbels e seus seis filhos é um caso a parte; o general, que também se recusa a deixar Berlim, em lealdade ao Fuehrer, também toma a mesma decisão de seu líder: suicidar-se, e ter o corpo cremado, para que os inimigos não possam violar seu cadáver como fizeram com o de Mussolini. Aliás, esse é o momento que mais impressiona, pois os líderes não morrem sozinhos: suas famílias vão junto. E a cena da morte dos filhos de Goebbels é de fazer qualquer um questionar-se: o que eu seria capaz de fazer por (e com) meus entes queridos?

Ulrich Matthes e Joseph Goebbels

A "fuga" de Hitler e Goebbels pelo suicídio, e a devoção dos soldados que vêem seus líderes preferindo a morte a enfrentar o inimigo, faz pensar no que o poder de um discurso é capaz, pois Hitler conseguiu lavar de tal maneira a mente de tais pessoas, que ele jamais foi questionado por seus atos. 

E outra coisa: tivesse a Alemanha Nazista vencido a guerra, será que nossos conceitos seriam os mesmos hoje? Os campos de extermínio seriam considerados aberrações? A superioridade de uma raça por meio da eugenia estaria incorreta? Pesquisas científicas com cobaias humanas sendo usadas sem sua permissão, sendo mutiladas e mortas, seriam o padrão? Qual seria o conceito de "ética" disponível no dicionário?


"Mein Kampf", livro tabu de Hitler, que o governo da Bavária, detentor dos direitos autorais se recusa a publicar, existe em algumas edições online, e em 2015 entrará em domínio público, podendo ser publicado por quem se interessar. Existem interesses em publicar uma edição crítica, para evitar que o livro seja usado levianamente para incentivar ideais racistas. Confesso, sem medo, que tenho uma imensa curiosidade para ler o livro. E uma edição crítica, detalhando o contexto histórico e político da época seria muito bem-vinda. Mas, como o assunto é polêmico, nos resta aguardar para ver o que acontece.


EDIT: Mas a opinião geral sobre o Nazismo ainda continua sendo a desta música, trilha sonora de um desenho do Pato Donald:




Spike Jones
Der Fuehrer's Face


CHORUS
When der fuehrer says we is de master race
We heil heil right in der fueher's face
Not to love der fuehrer is a great disgrace
So we heil heil right in der fuehrer's face

When Herr Goebbels says we own the world and space

We heil heil right in Herr Goebbels' face
When Herr Goring says they'll never bomb dis place
We heil heil right in Herr Goring's face
Are we not he supermen Aryan pure supermen
Ja we are the supermen (super duper supermen)
Is this Nazi land so good
Would you leave it if you could
Ja this Nazi land is good
We would leave it if we could
We bring the world to order
Heil Hitler's world to order
Everyone of foreign race
Will love der fuehrer's face
When we bring to the world dis order

CHORUS


sábado, 24 de dezembro de 2011

Propagandas que agridem minha inteligência

Muito se propaga por aí que a propaganda brasileira é uma das mais originais do mundo, inclusive ganhando prêmios e reconhecimento internacional.

Mas tem certas horas que dá vontade de dar uma surra de pau mole em certos publicitários (ou devo dizer publiciOTÁRIOS?).
Veja, por exemplo, esta propaganda da cerveja Itaipava:


E aí, percebeu? Não? Então confira comigo no replay:


Nada? Pois bem, vamos analisá-la por partes:
O cara está no bar, com uma loira e uma morena MUITO GOSTOSAS bebendo com ele. Ele pede uma breja, mais outra, se mostra descolado chamando o garçom de "amigo" e coisa e tal... Repare que as minas estão sorridentes, conversando, o cara bem vestido e tal... E depois ele vai embora. SOZINHO.

O cara estava no bar com duas gostosas, e vai embora SOZINHO. Como pode? Algumas suposições levantadas:
1- Ele ficou bêbado, começou a falar merda, vomitou nos peitos da loira e queimou o filme bonito.
2- Ele xavecou as minas, pagou uns birinaite, mas quando falou que estava sem carro elas pularam fora rapidinho. (ALTAMENTE PROVÁVEL)
3- Ele é o melhor amigo gay das duas, e eles estavam só botando a fofoca em dia, né mona? ALOK!

O que pode ser concluído disso? PORRA NENHUMA!

Resumo: não beba Itaipava que senão você não come ninguém.

Que seja eterno enquanto duro

Recentemente, uma notícia chamou minha atenção pelas possibilidades oferecidas: o casamento com data de validade. Pois é, no México estuda-se a possibilidade de oferecer casamentos de 2 anos, que podem ser renováveis ao final do período. Olha que legal! Você já casa pensando que, se não der certo, já vai estar livre da burocracia do fim do casamento! É só fazer a trouxa de roupas do(a) imprestável que casou com você e chutá-lo(a) para fora! Que simples!

Não estou defendendo valores religiosos aqui, até porque religião não é algo que me apeteça, mas essa instituição não tinha como objetivo criar famílias? Como se cria uma família em 2 anos?

Se os dois forem feios, por que não disfarçar, digo, inovar?

A falência da instituição do casamento é uma realidade. Casamentos que duram para a vida toda são os dos nossos avós, nossos pais, e um ou outro casal de amigos nossos. Não é difícil ver pessoas que você conhece que estão no segundo, terceiro casamento.

Uma deputada mexicana falou que o projeto vai proporcionar "relações mais saudáveis e harmoniosas entre casais, ajudaria a restabelecer o tecido social e a estabilidade das famílias". Ah-ham, Lizbeth, senta lá. Que comprometimento alguém vai ter com algo que ele sabe que pode terminar a qualquer momento? Desse jeito está mais fácil casar que arrumar um emprego...

Mas não vamos colocar a culpa de tudo no governo. Tal lei nada mais é que o reflexo dos valores de que dispomos hoje. O "até que a morte os separe" foi substituído pelo "que seja eterno enquanto dure" (extra-oficialmente, fique bem claro), e ninguém se deu conta disso. O casamento, aquela festa bonita em que a noiva entra com um vestido bonito, o noivo usando um fraque cheio de fru-fru a recebe no altar, os dois choram e o filhadaputa do sonoplasta da igreja põe uma música com acordes tristes para fazer todo mundo chorar também, aí na festa eles dançam a valsa, os convidados vêem o vídeozinho com momentos deles desde criancinha, e no final todo mundo enche os bolsos e até a cueca de bem-casados, tudo isso virou somente algo para se mostrar, para se comentar sobre "como o casamento de fulano e ciclana foi bonito, a comida tava boa, e o vestido dela, você viu?" e por aí vai. O casamento (cerimônia) como produto. Igual seu celular novo, sua roupa de marca; somente para exibir para os outros. O dia-a-dia entre duas pessoas despreparadas para a vida conjugal vai resultar em casamentos de 2 anos.


Ah, um conto de fadas na vida real...

Bem, tem um lado bom. Se tiverem filhos, eles não vão ficar no fogo cruzado entre os cônjuges. Aliás, esse negócio de casamento com data de validade é interessante pois, se começar a azedar antes do prazo de validade, você pode buscar alternativas de entretenimento por aí, afinal você sabe que está moribundo mesmo... Aliás, diferente de um cônjuge moribundo, que você não sabe quando vai morrer; esse relacionamento já tem data de nascimento e óbito na mesma certidão. 

No Brasil o divórcio também está mais fácil para quem está de saco cheio da vida conjugal. Achei sensacional o título da matéria do link, é tão efusivo que parece até slogan de sabão em pó! Como se o divórcio fosse algo muito bom...

No lugar da Bíblia, o padre deveria mostrar um dicionário aos que estão se casando, para que eles saibam (ou se lembrem) que aliança não é somente um tipo de anel...



domingo, 18 de dezembro de 2011

"Tchau, meu amor"

Hoje eu fui correr minha última corrida oficial do ano, o Circuito Adidas etapa Verão, em São Paulo. Eu adoro essa corrida por alguns motivos: é bem organizada, o percurso é plano em sua maior parte, e tem somente a distância de 10 km, então não há o problema de desviar do pessoal que corre os 5 km no final da prova, quando você quer dar aquele sprint final.



Mas eu, sinceramente, não sei por que a corrida de hoje foi diferente. Talvez seja a época do ano, talvez eu esteja com a mente mais aberta para outras coisas, com uma maior sensibilidade... Eu não estou na minha melhor forma física, e corri "pra terminar" a prova, sem me preocupar com tempo (que eu sabia que não seria meu melhor), e talvez isso tenha me feito prestar atenção em coisas que nunca havia percebido antes. Por exemplo, eu gosto de correr sem ouvir música, de ouvir minhas passadas, minha própria respiração. E quando você corre com outros milhares de pessoas, você presta atenção na maneira que os outros respiram, e como são diferentes... Parece uma bobagem, mas faz toda a diferença para cada um, e sua performance. Também havia esse grupo de pessoas, 8 da manhã e tomando umas cervejas em cima do Minhocão... Virados da balada, provavelmente, e brincando e zuando muito com os corredores. E eu pensei em como são loucas as escolhas que nós fazemos, sem julgar ninguém, sem dizer que um está mais certo que o outro. Afinal, todos ali estavam felizes, fazendo algo que lhes dá prazer, não? Virar o sábado, amanhecer tomando uma com os amigos, ou acordar 5 da manhã para correr 10 km, mesmo com a dor no pé que eu estava devido ao tênis que utilizei ontem o dia todo... Eu prestei atenção na sinfonia das garrafas de plástico caindo no asfalto, depois do posto de hidratação, mas só depois do km 8, no fim da prova. Nunca havia prestado atenção nesses sons. E pra mim, naquele momento, pareceu tão bonito e cheio de significado, um som único que não se houve em qualquer lugar, nem todo dia. Uma música coletiva, feita por pessoas que nunca mais estarão juntas no mesmo local, que nunca mais será repetida de maneira idêntica; pessoas com pressa de chegar, de comentar o tempo que fez, de falar como o sol estava judiando hoje (mas como o dia estava bonito, tenho que assumir).


Mas, muito provavelmente, foi o rascunho que fiz deste texto logo após a largada que tornou esta corrida diferente. Não foi intencional, não havia planejado escrever sobre esta prova (até por que ela era "só mais uma prova"). Foi pela frase que eu ouvi, dele para ela: "Tchau, meu amor". Eu não os vi, estavam atrás de mim. Era uma voz jovem, ele provavelmente iria disparar, buscar seu melhor tempo. Ela ficaria para trás, fazendo a prova da maneira que a fizesse sentir bem. Três palavras, que para eles talvez tenham sido algo corriqueiro, mas tão cheias de significado. Poderia ter sido um "boa prova", "bora correr", ou mesmo um "até daqui a pouco", "te vejo na chegada", mas me fez ficar pensando no que escrever quando chegasse em casa. Lógico, o texto acabou saindo um pouco mais longo que meu rascunho mental no momento da corrida.

Deve ser bom dizer "tchau" só para poder dizer "oi" de novo.